segunda-feira, 2 de abril de 2012

Efeitos da recessão nos Açores

Reunião do Secretariado da DORAA do PCP – Ponta Delgada, 30 de março de 2012
Conferência de Imprensa – 2 de abril de 2012

Senhoras e senhores jornalistas,
Este encontro com a comunicação social destina-se a tornar públicas algumas das conclusões da reunião do Secretariado da Direção Regional do PCP Açores, que teve lugar no passado dia 30 de março (sexta-feira), nesta cidade de Ponta Delgada.
O Secretariado da DORAA analisou a situação política, social e económica e programou algumas das principais atividades de intervenção política que vai desenvolver ao longo do ano de 2012, ano em que as eleições regionais se assumem como uma das principais batalhas políticas e que o PCP e a CDU Açores irão travar.

1. A importância da luta de massas contra a submissão às oligarquias O PCP Açores reafirma a importância da Greve Geral do passado dia 22 de março e saúda todos os trabalhadores que participaram de forma ativa nesta jornada de luta, saúda todo os cidadãos que não se ajoelham perante o abuso do poder, da prepotência e dos pregadores do medo, do conformismo e da submissão.
A Greve Geral foi uma resposta daqueles que não admitem ficar subjugados às imposições das oligarquias política, económica e financeira que, em conluio, têm governado o País e a Região em seu exclusivo proveito.
A Greve Geral foi uma resposta dos que não admitem cruzar os braços perante os que cinicamente apontam como solução o caminho da servidão e da exploração sem limites.
Uma resposta dos que não aceitam como uma fatalidade, como uma inevitabilidade esta política de severa austeridade, de degradação das condições de vida do povo e de destruição e ruína do País.
A resposta daqueles a quem custou muito um dia de salário, mas não vacilaram porque era preciso defender um património de direitos conquistados por gerações passadas e impedir que confisquem o presente e o futuro das novas gerações.
Uma greve geral que foi uma resposta dos que não se rendem e não deixam morrer a esperança da luta por uma alternativa com futuro. Daqueles que, apesar de esmagados pelo peso das dificuldades de uma vida dura, se levantam e lutam porque sabem que nesta batalha que travamos perder a coragem é perder tudo!
A luta nos Açores tem razões acrescidas para ser travada. A luta nos Açores é em defesa do adquirido autonómico, a luta nos Açores é em defesa do acervo e das competências que o Estatuto e a Constituição nos conferem e contra qualquer tentativa de retrocesso.
A luta nos Açores é contra o encerramento dos serviços públicos que dependem da República e o seu consequente afastamento dos cidadãos, sejam repartições de Finanças ou os Tribunais.
A luta nos Açores é, como no restante território nacional, contra uma reforma administrativa cega e economicista que, tal como, o encerramento de serviços públicos, dependentes da Região ou da República, só têm contribuído para o aumento da desertificação e para aprofundar assimetrias no desenvolvimento, na coesão territorial, social e económica.

2. Os efeitos das políticas de austeridade e a recessão
O Boletim do Banco de Portugal é claro. A recessão não só será mais perniciosa em 2012 como se irá dilatar no tempo estendendo-se para lá deste ano, ao contrário do que Passos Coelho e Paulo Portas têm vindo a apregoar.
A receita aplicada pelo governo do PSD/CDS, agentes ativos do neoliberalismo ao serviço das oligarquias financeiras e económicas e do diretório político da União Europeia, para quem dúvidas tivesse, falhou.
A demonstrar este rotundo fracasso das políticas de austeridade que penalizam os trabalhadores, os pequenos e médios empresários, que empobrecem as famílias e encaminham a Região e o País para o colapso social e económico, a demonstrar a falência deste rumo e destas políticas que aprofundam as desigualdades e concentram a riqueza, a comprová-lo estão aí os primeiros dados da execução orçamental de 2012, publicados pelo Ministério das Finanças.
Em janeiro e fevereiro de 2012 as receitas fiscais caíram significativamente, ou seja, as medidas de redução de despesa são contrariadas pela quebra na receita fiscal e pela diminuição das contribuições para a segurança social.
Em janeiro e fevereiro na Região a cobrança do IRS diminuiu 2,5%, a cobrança de IVA diminuiu 12,3% e as contribuições para a Segurança Social registaram uma diminuição de 25%.
Fácil é concluir que esta quebra nas receitas do IRS e nas contribuições para a Segurança Social resultam diretamente da redução do valor nominal dos salários e do aumento do desemprego, por outro lado a quebra na receita cobrada por via do IVA traduz um decréscimo do consumo, motivado pela falta de rendimento disponível das famílias e significa que a economia regional se afunda num oceano de dificuldades o que nada contribui para a manutenção do emprego ou, para a sua criação.
Para o PCP Açores estas evidências, paralisação da atividade económica, destruição de emprego e redução do rendimento têm ainda um outro efeito, ou seja, a redução da receita aumenta a necessidade do Estado e da Região se financiarem a crédito tendo como consequência o aumento da dívida pública.
A necessidade de um novo rumo político e de um novo paradigma de desenvolvimento para a Região e para o País é para o PCP Açores um imperativo patriótico que não se compagina com a submissão aos ditames da agressão estrangeira.

3. A situação pré eleitoral
A estratégia politica e eleitoral do PCP e da CDU Açores não se funda, nem vai alinhar ao lado das promessas vãs e no populismo demagógico que já inundam o espaço público regional.
O PCP Açores considera que o histerismo político pré eleitoral protagonizado pelo PS, pelo PSD e pelo CDS/PP só contribuem para a descredibilização do ato eleitoral de outubro e da atividade política e, reitera a necessidade de que a Dra. Berta Cabral e o Dr. Vasco Cordeiro, uma vez que se dedicam em exclusivo a atividades pré-eleitorais, abandonem os cargos executivos de que são detentores.
O PCP Açores, sem descurar a preparação das eleições e a construção do Programa que submeterá a sufrágio, continuará a afirmar-se com a sua intervenção e propositura política e, apela ao bom senso dos restantes partidos para que canalizem as suas energias na procura de soluções para resolver no imediato o drama dos desempregados, o drama dos jovens com o sonho adiado, o drama das famílias que se confrontam com dificuldades em cumprir com os compromissos assumidos e com o drama dos pequenos e médios empresários que a cada dia que passa são confrontados com mais e maiores dificuldades para manterem a sua atividade.
O emprego sustentável e com direitos, a revitalização e diversificação do setor produtivo, o aumento do poder de compra das famílias, a dinamização do comércio interno, o investimento público como motor da economia das nossas ilhas, a inovação, um sistema de transportes integrado, eficaz, acessível e de qualidade que seja o suporte de um mercado interno dinâmico e uma porta aberta ao exterior, estas são e têm sido algumas das propostas que o PCP Açores tem vindo a fazer para inverter o rumo ruinoso para onde nos conduziram.
A dramática situação social e económica que vivemos necessita de medidas conjunturais e estruturais que invertam o crescimento do desemprego, dinamizem a atividade económica e reduzam a dependência externa e não de anúncios e promessas para depois de outubro. Agora é que é o tempo de concretizar o “paraíso” anunciado para depois de 2012.
Obrigado pela vossa atenção!

Ponta Delgada, 2 de abril de 2012
Secretariado da DORAA do PCP

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