domingo, 27 de março de 2011

Preparar as batalhas que se avizinham

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA, DORAA 
Horta, 27 de Março de 2011

Senhoras e Senhores jornalistas,
Reuniu, na cidade da Horta, no passado Sábado, dia 26 de Março, a Direcção da Organização da Região Autónoma dos Açores do PCP (DORAA), com a participação dos membros do Conselho Regional residentes nas ilhas do Faial e Pico.

A DORAA procedeu a uma análise dos traços mais salientes da situação política nacional e regional e traçou as principais linhas de trabalho imediatas da organização do PCP Açores, tendo já em vista as batalhas políticas e eleitorais que se aproximam.
A situação política nacional está indelevelmente marcada pelo recente pedido de demissão do primeiro-ministro e consequente queda do Governo, que colocam no horizonte próximo a realização de eleições legislativas antecipadas.
O PCP Açores salienta que a crise política foi causada pelo demagógico processo de dramatização com que o PS e José Sócrates pretendiam impor mais um pacote de sacrifícios ao povo português, conhecido pelo PEC IV.
A Direcção Regional do PCP Açores sublinha a forma como o crescimento da luta de massas, atravessando muitos e muitos sectores e grupos sociais, as múltiplas manifestações, greves e outros protestos por todo o país, contribuiu decisivamente para a erosão da base de apoio da política de José Sócrates e, em última instância, para a queda do seu Governo.
A realização de eleições antecipadas interessava desde logo ao PS e ao PSD que, viam com receio o crescimento da contestação na rua às políticas de que são ambos autores e executores mas, as eleições serão para além de uma calculada estratégia político eleitoral, desde logo um necessário momento de clarificação em relação aos rumos e às políticas de que o país precisa e, por outro, uma oportunidade para a mudança que os portugueses reclamam.
A exigência de uma ruptura política e as expectativas dos muitos milhares de portugueses que, de múltiplas maneiras, têm expressado publicamente o seu descontentamento, não podem agora ser defraudadas pela continuação das mesmas políticas, com uma eventual substituição dos protagonistas da sua execução.
É extremamente importante que os portugueses percebam que Passos Coelho e o PSD não são se constituem como uma alternativa a Sócrates e ao PS.
O PSD esteve sempre ao lado do PS na imposição de mais e mais sacrifícios aos portugueses, no PEC 1, PEC2, PEC 3 e Orçamento de Estado para 2011. E, embora tenha votado contra o PEC 4, a verdade é que não discorda das suas medidas mais gravosas, como os cortes nas prestações sociais, o congelamento do salário mínimo ou a redução das indemnizações por despedimento. Tendo estado sempre unidos na imposição das políticas que levaram Portugal à actual situação de crise, não são certamente PS e PSD que terão as soluções para nos permitir sair dela.
É decisivo para a mudança que o país precisa que os portugueses, designadamente as açorianas e açorianos, entendam que há uma alternativa e, sobretudo que não estão condenados a cada vez mais sacrifícios. Existem outros rumos e outras soluções que passam, nomeadamente, por uma aposta decidida no crescimento económico, pela criação de emprego e pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, em vez do aumento da sua exploração.
O PCP e a CDU no seu projecto e programa eleitoral apresentarão propostas alternativas às velhas políticas do bloco central que alternadamente mergulharam Portugal numa crise social, financeira e económica sem precedentes.
O PCP e a CDU contribuirão para o esclarecimento e para a mobilização de vontades para que uma verdadeira alternativa seja possível. A exigência de mudança que tem sido manifestada nas ruas e praças deste país têm de ter consequência. Essa consequência terá de traduzir-se num reforço eleitoral da CDU, um reforço eleitoral da esquerda que é esquerda, a esquerda que não necessita de adjectivos.
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Em relação à situação política regional, o PCP Açores denuncia a continuação da política de duas caras e do mal, o menos do PS Açores que procura distanciar-se das políticas do seu próprio partido, defendendo uma coisa na República e o seu contrário nos Açores, tentando evitar com meros paliativos de circunstância o justo descontentamento dos açorianos.
Demonstrativa deste mal-estar foi a postura do Grupo Parlamentar do PS Açores que, rejeitou uma proposta do PCP para recusar a redução das transferências para as Autarquias e para as Regiões Autónomas e, logo de seguida, apresenta e aprova uma proposta exactamente igual da sua autoria tentando, com esta atitude lançar a confusão e disfarçar o seu apoio a José Sócrates. Igualmente, a dúbia opinião de Carlos César – primeiro declarando-se contra o PEC, no que dizia respeito apenas a alguns dos seus aspectos, e depois lamentando o seu chumbo – demonstram claramente essa preocupação do PS Açores e do seu líder.
O PCP Açores sublinha que a responsabilidade pelas crescentes dificuldades dos açorianos, os encerramentos de empresas, o aumento do desemprego e a criação de graves focos de pobreza na Região são as políticas do PS, tanto de José Sócrates como de Carlos César.
A DORAA traçou as linhas gerais da intervenção política para os próximos meses, tendo como prioridade o esclarecimento e a mobilização dos açorianos para a exigência da ruptura política que os Açores e Portugal precisam e apela às açorianas e açorianos que participem massivamente nas comemorações populares do 25 de Abril e no 1.º de Maio.
A Direcção Regional do PCP Açores iniciou de imediato o processo de preparação das eleições antecipadas que se perfilam no horizonte próximo.
O PCP, no quadro da CDU, dará corpo a uma candidatura ao círculo eleitoral dos Açores que, sem subestimar a importância das questões nacionais, dê voz aos problemas específicos da Região e contribua para a mudança que Portugal precisa. Foram abordados os traços gerais do Compromisso Eleitoral a apresentar ao Povo Açoriano, bem como os critérios para a elaboração da lista candidata, a apresentar brevemente.
Obrigado pela vossa atenção!

DORAA do PCP
Horta, 26 de Março de 2011

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